Restaurante Vila Franca e a Marcha do Alto Maé dos anos 40 de Lourenço Marques

Fotos originais do HoM - clique para aumentar
ex Restaurante Vila Franca na Rua João Albasini.

O edifício na parte de baixo era do tipo das cantinas "coloniais" mas com um primeiro andar recuado e foi-lhe entretanto acrescentada uma marquise nova no terraço construída "às 3 pancadas".
O prédio streamline da esquina à esquerda e toda esta zona já foram referidos especialmente nesta mensagem.
Seguindo mais uns metros ao longo da  Rua João Albasini havia uma antiga cervejaria mesmo ao lado do Vila Franca
Antiga cervejaria do Peres com telhado de telha do lado direito da árvore
que esconde o Vila Franca

Nestas duas fotos está parte do coração do antigo Alto-Maé (A-M) com o antigo Variedades, o antigo BNU, o Bazar Rajá e várias cervejarias nas redondezas.
Mapa actual?
Vermelho: 
Vila Franca
Roxo: Cervejarias Solar Familiar e Douro(?)
Verde: Bazar Rajá
Azul: antigo Variedades
Cinzento: antigo BNU
Ângulo castanho: vista de baixo
Cruzamento da Av Eduardo Mondlane com a Av da Zâmbia (para a direita)

A vista de cima corresponde ao ângulo desenhado a castanho no mapa de cima. Daqui vê-se o "triângulo" histórico do Alto-Maé mais parte da actual Praça 21 de Outubro à direita. Em primeiro plano está a moderna estátua de Mondlane  olhando para a avenida com seu nome para nascente.
Passemos à marcha músical. O blog http://poramaisb.blogspot.com/ publica marchas da cidade de L.M. dos anos 40 entre as quais a do A-M. Imagino que por essses tempos os bairros tinham uma identidade mais própria do que por exemplo nos anos 60 onde já tudo era (auto)móvel. Para este bairro afastado da Baixa (poder económico) e da Ponta Vermelha (poder político) e predominantemente operário ou "mui pequeno" burguês esse despique das marchas devia ser um momento interessante. 
Nesta marcha infelizmente falta a 1a estrofe. Na 2a fala-se do operário o que é apropriado, o "uma só fé" devia ser a "fé no trabalho ou entreajuda" pois no sentido religioso havia no bairro muitos comerciantes e habitantes "indianos", ou seja hindus ou muçulmanos. No refrão a "nobreza da tradição portuguesa" devia ser piada aos "finórios inglesados" doutros bairros.
Falta a melodia mas conhecendo marchas de Lisboa e lendo com ritmo de marcha o refrão para mim sai naturalmente com uma melodia à "Casa Portuguesa", tom para cima ou para baixo (aqui no youtube o original por Amália Rodrigues orquestrada para fado, por acaso letra e música criados em LM por Reinaldo Ferreira, Vasco Matos Sequeira e Artur Fonseca respectivamente, aqui ao piano com ritmo de marcha):

                                                       Marcha do Alto Maé 
1ª Estrofe
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Refrão 
Alto Maé 
É bairro da simpatia 
Canta sempre noite e dia 
Como aqui não há igual. 

Alto Maé 
Vive ali toda a nobreza 
Da tradição portuguesa 
Cá da nossa capital

2ª Estrofe 
É lá que vive o operário 
Com a sua ganga honrada 
É a sua namorada 
Riqueza do seu sacrário 

É gente duma só fé 
É bairro como nenhum 
Pois são todos só por um 
Neste nosso Alto Maé. 

Refrão 

Alto Maé ... 

Comentários

Anónimo disse…
O Café do Sr. Peres era ponto de encontro de alguns bons amigos, à noitinha, pois que eu morei ali mesmo pertinho, no Edifico Lisboa por cima da loja de ferragens Gens , da sapataria Torrejana e de uma livraria papelaria que agora não me recordo o nome, bons tempos.
Luz disse…
Amigos e vizinhos do meu tempo! Eu tenho tantas saudades daqueles tempos em que tínhamos tantos sonhos! A vida é assim sonhamos coisas boas mas não sabemos o dia de amanhã! Meu e-mail é luzcompasso@gmail.com Agora estou perto de Lisboa. Mas como tenho uma MotorHome estou sempre por ai viajando!
Luz disse…
Vamos fazer um grupo ou conhecem algum grupo de pessoas que estiveram em Lourenço Marques?
Ai se eu pudesse voltar ao passado não saia de lá não!