Namaacha - Instituto João de Deus, construído em fases

O primeiro colégio da Namaacha deve ter sido o Instituto João de Deus (IJD) de que temos a imagem mais antiga em 1939. Como dissemos aqui este instituto foi criado pela maçonaria na Av. 5 de Outubro mas passou depois para a assistência pública e foi deslocado para a 24 de Julho onde esteve pelo menos até 1918. Daí até aparecer na Namaacha em 1932 não sei o que aconteceu mas manteve a característica de ser internato feminino, embora na Namaacha houvesse alunas externas também.

FOTOS 1
Edifício inicial do Instituto João de Deus da Namaacha em 1932 e 1939
A única outra imagem antiga que temos do IJD também da publicação Moçambique Documentário Trimestral é dum lavatório.


FOTO 2
Instituto João de Deus em 1939 com as toalhas bem arrumadas
O IJD foi criado pela assistência pública mas terá passado depois para o âmbito dos missonários salesianos. Existe um site das antigas alunas e dele e do blog mais geral cdbosco vêm a maioria das fotos seguintes mostrando o estado actual do edifício. Primeiro fotos tiradas por Susana Nhansengo em 2011.


FOTOS 3
Vê-se um pátio com a vegetação mas os edifícios em redor estão sem telhados
Vê-se muito de perfil o edifício inicial à esquerda da FOTO 3 da esquerda. Algumas partes dele mantém placa ou telhado mas em geral está como se vê em três fotos de Mirene Graça da mesma altura.


FOTOS 4
IJD em ruina completa.
Outra imagem ilucidativa sobre o estado do edifício


FOTO 5
INSTITVTO JOÃO DE DEUS
ao centro da fachada principal do edifício inicial 
Mirene Graça comenta que "do IJD apenas se mantêm de pé as paredes, o resto... não existe! Dói a alma de ver aquele espaço que um dia albergou, formou e educou tantas raparigas. Resta-nos a memória".
Com as fotos seguintes do blog cdbosco vamos tentar compreender as construções do IJD. Como se pode ver na FOTO 1 o edifício inicial não tinha arcos por isso o que surge com arcos nas FOTOS 3 e a torre de igreja pelo estilo moderno foram uma ampliação posterior. Pelo estilo da torre a igreja deve ter sido dos anos 50/60 e causa-me espécie que mesmo essa parte tenha desabado. Há sempre causa e efeito, todas as instituições de ensino em Moçambique foram expropriadas em 1975/1976 e anos e anos de incúria normalmente resultam nisto.
As fotos seguintes permitem fazer a separação entre a ampliação e o edifício inicial, o que se tornará mais perceptível olhando para a imagem do Google Earth na FOTO 8.  
As construções aparecem como cenário de fotos de alunas e das irmãs de caridade tiradas por volta do final dos anos 60. As FOTOS 6 foram tiradas num pátio frente ao centro da fachada principal do IJD inicial, o tal que está agora como se vê na FOTO 5. 

 FOTOS 6
Fachada com o INSTITVTO JOÃO DE DEUS ao fundo
À direita da parte central da fachada inicial aparece um corpo saliente com galerias nos dois pisos e arcos no rés do chão. Contrasta com o edifício original de desenho clássico pela existência de grelhas em betão armado e pelos arcos e trata-se assim duma ampliação. 

Na FOTO 1 pode-se ver que no edifício inicial havia duas rampas laterais e por isso a entrada era dupla passando-se através da colunas (a parte só com um piso e varanda no terraço). Imagino então que o corpo saliente da FOTO 6 se foi encaixar onde havia a entrada inicial do lado direito e se tenha preenchido o terraço.

A FOTO 7 mostra à esquerda um corpo saliente simétrico do que aparecia à direita nas FOTOS 6. Esses dois corpos foram uma ampliação e passaram a fechar lateralmente o espaço em frente ao centro da fachada principal do edifício inicial formando o pátio que se via nas FOTOS 6 com a imagem de Nossa Senhora ao centro. Noto que esse pátio e o corpo da ampliação à direita das FOTOS 6 é o que se vê nas FOTOS 3. 


FOTO 7
Professora e jovens alunas do colégio IJD em 1966
Ao centro sob o arco à sombra pode-se ver (mal) o JOÃO da fachada principa inicial. Por isso a construção em primeiro plano com arcos acoplava-se às extremidades dos dois corpos salientes de cada lado do pátio fechando-o. Por outras palavras com a ampliação criou-se um novo volume (o dos arcos e das grelhas) em forma U com a parte aberta fechando no edifício inicial. As duas entradas iniciais devem ter sido mantidas mas eram agora acedidas pelas arcadas da ampliação. Suponho que a zona das grelhas da FOTO 6 à direita corresponde a escadas que eram necessárias para se subir ao nivel que era inicialmente acedido com as rampas laterais. 
Tudo isto pode ser melhor visualizado com imagem de satélite (clique na imagem para aumentar):

FOTO 8
Vermelho: edifício inicial, estando o centro das letras marcado pelo pequeno rectângulo
Azul: ampliação em forma de U fechando-se contra o edifício inicial
Setas azuis: onde eram as entradas iniciais
e onde se foram encaixar as hastes do U
Seta castanha: nova entrada exterior e centralizada onde foi tirada a FOTO 7
Verde claro: pátio das FOTOS 6
Branco: direcções das duas vistas das FOTOS 3
Amarelo: torre da igreja da ampliação
Carmesim: igreja da ampliação
Do referido na legenda da FOTO 8 falta-nos ver melhor a torre e a igreja que aparecia nas FOTOS 3 à direita. Será feito através da FOTO 9 com o IJD visto da avenida principal da vila, avenida essa que se vê a passar na FOTO 8 à direita. 

FOTO 9
IJD ao fundo. Mesma legenda que da FOTO 8 para quatro das cores
Na FOTO 9 vê-se bem a igreja com o tecto desabado. Notam-se as grelhas exactamente do mesmo tipo das da FOTO 6 à direita o que leva a supor que igreja e ampliação do edifício principal tenha sido empreitada única.  As traseiras da igreja estão viradas para a avenida principal. A cruz da torre está virada para leste, de facto na direcção do IMA.
Em direcção à entrada no edifício do IJD havia um longo caminho a percorrer desde o que suponho fosse um portão exterior e que era rodeado de árvores de que se vê uma parte nas FOTOS 8 e 9.  
Vê-se ainda na FOTO 9 uma parte dos arcos da ampliação (a base do U) e onde está o pátio (nas FOTOS 3 vê-se que a estátua sumiu) e vê-se bem o que resta do edifício inicial do IJD por trás. As janelas e as portas devem ter servido para aquecimento nas noites frias da Namaacha.

Comentários

Unknown disse…
Tudo tem uma história.
Todas as revoluções tem coisas boas e coisas más.
Acredito que a destruição do Colégio tenha sido mão de do filho mais velho do sr.Rocha do hotel dos Libombos.
Pessoa desiquilibrada que com a revolução quis ser mais que o Papa.
Rogério Gens disse…
Caro José Granja: Obrigado pela informação que indica ter havido qualquer coisa mais para além da degradação natural de quando não se mantém e a partir de certo ponto não se reabilita. Fiquem também os eventuais leitores a saber que escrevi sem nenhum conhecimento particular do que se terá passado (assim como em 99.5% do que se fala aqui). Cumprimentos.
Unknown disse…
Há certas fotos, que quase fazem lembrar Aleppo ou Mossul.Pena, tanta destruição para um Colégio que tinha alunas tão bonitas. E feias também, as minhas primas p.ex.quem não se lembra da Mary Cross? Também, não podíamos olhar para elas, pois os padres não o permitiam. Dois chapadões levei eu, do P. Miguel, só por cumprimentar a Lucinda. Hás-de pagá-las,Cinda.
Rogério Gens disse…
Caro Braga Borges: De facto cheguei a pensar que tivesse havido combates no IJD. Quanto às suas primas e outras beldades não me pronuncio. Interessante referir o Padre Miguel que pelo que li foi o grande dinamizador do hóquei nos salesianos. Cumprimentos.
Unknown disse…
De facto, o P. Miguel foi quem iniciou a prática do hoquei em patins, no IMA. Mas para ele, o stik não servia só para dar na bola. Mas era muito meu amigo e mantivémos uma relação amigável, mesmo depois dele ter regressado "à Metrópole". Que descanse em paz.
Curioso, um abraço.