Rua de Lidemburgo actual do Rio Tembe no FB Alto-Maé (parte 1)

Muitos antigos residentes do bairro do Alto-Maé de Lourenço Marques, actual Maputo são membros do grupo de Facebook Alto-Maé e viveram na Rua do Lidemburgo, actual avenida do Rio Tembe e daí têm contribuido com fotos e textos relativos a essa parte importante fase da sua vida. 
Como, com excepção da cantina da esquina do início (Pardal) e da garagem (Hamad) do fim (para poente = oeste) eu não conhecia bem as construções da rua, que se deve ter desenvolvido nos anos 50, das fotos disponíveis seleccionei para este artigo umas que me parecem interessantes e que consigo localizar e alinhar. Óbvio que para quem lá morou é "chover no molhado" mas serve para se recordarem das fotos ... 
As duas primeiras fotos são de António Silva e foram publicadas no referido FB A-M em 2016 (aqui e aqui). Mostram cinco edifícios e neste artigo seguirei especialmente quatro deles pois do quinto, o mais distante, não encontro foto em grande plano:

FOTO 1
À direita = norte, casa térrea vermelha na Rua do Lidemburgo,

Nos títulos das fotos seguintes indico as cores com que marcarei estes edifícios na FOTO 7 que mostra em geral a zona. Essas cores mais ou menos correspondem às cores com que estavam "pintados" ao tempo das fotos.
A FOTO 2 foi tirada um pouco mais para a frente para quem desce de automóvel a Rua do Lidemburgo em direcção à Avenida do Trabalho, a sair da cidade, para poente. A posição dos automóveis e da sombra (perto do meio dia) indicam que o lado direito é o do norte da Rua do Lidemburgo, orientação fundamental para quem não conhece a zona. 

FOTO 2 (casa "vermelha" em primeiro plano à direita e com árvores à frente)
Mais para o fundo da actual avenida do Rio Tembe
 fica o entroncamento com a Avenida do Trabalho (garagem)

Nas duas fotos anteriores, a seguir, para poente, à casa vermelha vemos quatro prédios de alturas diferentes. Na foto seguinte de António Silva de 2015 aparece destacado o primeiro, o qual tem quatro pisos:

FOTO 3 ("verde e laranja", a seguir à casa "vermelha" e com o "rosa e amarelo" ao lado)
Prédio de 4 pisos logo a seguir à "casa vermelha" das FOTOS 1 e 2.
Está com a marca "verde e laranja" na FOTO 7

Pode-se observar nas fotos anteriores que a casa "vermelha" está mais avançada para a rua que as quatro construções que se lhe seguem. Presumo que ela seja dos anos 30 ou 40 e que os prédios sejam dos anos 50 pelo que tiveram que respeitar um novo alinhamento libertando mais espaço para a rua.
Segue-se mais uma foto de António Silva de 2016 que mostra esse prédio "verde e laranja" em segundo plano, aparecendo em primeiro plano um prédio de 3 pisos, o "rosa e amarelo".

FOTO 4 ("vermelho", "verde e laranja" e parte do "rosa e amarelo" mais próximo)
Os dois prédios logo a seguir à casa "vermelha" das FOTOS 1 e 2

Podemos ver melhor o prédio "rosa e amarelo" de três pisos e que está à esquerda = para poente da FOTO 4 na seguinte foto de Ana Maria Nascimento postada em 2023 (aqui retocada):

FOTO 5 ("rosa e amarelo" e o "ocre" de dois pisos ao lado, para poente)
Prédio "rosa e amarelo", entre o "verde laranja" à sua direita = nascente e o 
"ocre" à sua esquerda = poente e do qual só se vê um pouco na foto

Continuando a descer a Rua de Lidemburgo, actual Rio Tembe em direcção à Av. do Trabalho na foto seguinte aparece em primeiro plano o prédio "ocre" de dois pisos que se antevia na FOTO 5. Depois, para nascente dele ou seja na direcção do centro da cidade vemos os dois prédios (um de três e outro de quatro pisos) e a casa "vermelha" que vimos nas fotos anteriores. Esta foto é também de António Silva de 2016:

FOTO 6  (prédio "ocre" mais dois prédios do lado norte da rua 
entre ele e a  casa "vermelha" com árvores em frente)
À esquerda os três primeiros prédios que nas FOTOS 1 e 2 se viam a seguir à casa "vermelha"

Por isso das quatro construções a seguir à casa "vermelha" que se viam nas FOTOS 1 e 2 só não vimos aqui mais de perto a última que seria um prédio de 3 pisos, aparentemente do mesmo tipo da das FOTOS 4 e 5. Nas FOTO 7 vou marcá-lo de "rosa e castanho".
Podemos então localizar o que vimos até aqui na foto seguinte (parcial) de Carlos Alberto Vieira e do livro "Recordações de Lourenço Marques" (Alêtheia Editores). Ela mostra a rua nos anos 60 quando as cinco construções de que falámos em cima já existiam e como se verificará. 

FOTO 7 - zona nos anos 60 (clique para aumentar)
preto: sentido de circulação automóvel na rua do Lidemburgo, actual Rio Tembe
rosa e castanho: o prédio de 3 pisos que só vimos ao longe nas FOTOS 1 e 2
ocre: o prédio de 2 pisos, o primeiro à esquerda da FOTO 6
rosa e amarelo: o prédio de 3 pisos que vimos bem na FOTO 5 e em parte na FOTO 4
laranja e verde: o prédio de 4 pisos que vimos bem na FOTO 3
estrela verde: antiga igreja anglicana de São Cipriano, 
anterior à actual de Pancho Guedes do início dos anos 70
verde escuro: Correios do Alto Maé na Av. Canto e Castro, actual da Tanzânia
azul claro: cantina do "Dias", "Silva e Dias" ou "Pardal"
vermelho e branco: suponho que foi uma sede do Clube 1o de Maio
roxo: vivenda antiga, ver referência em baixo
outras cores: sem relevância por agora

Com o Google Maps podemos ver a situaçâo actual da zona em que aparece ao centro a casa "vermelha" (com as árvores à frente e também de lado e atrás) e pode-se dizer que ela fica a uns 100 metros do início da rua. As outras construções que seguimos em cima ficam-lhe aí para a esquerda e mais recuadas como esperado.
Note-se que a construção em curso à direita (do lado sul da Rua de Lidemburgo) na FOTO 6 parece encavalitada sobre o que seria uma antiga vivenda térrea modernista. De resto esta ainda é das zonas da cidade em que a pressão imobiliária parece menor e como se pode comparar pelas fotos e Google Maps com a situação da FOTO 7 as alterações nos 60 anos que se passaram desde então não têm sido muitas.
Das fotos mais recentes retiro duas impressões principais: 
1. a construções mais antigas na zona ("rosa castanho", "ocre" e "rosa amarelo") eram de desenho relativamente sofisticado e "à la page" com o que se fazia em zonas mais centrais da cidade. Isso surpreende-me um tanto pois recorde-se por exemplo que este bairro foi construído fora da Estrada da Circunvalação inicial;
2. o bairro mantém melhor aspecto "civico" do que eu esperaria dado o seu afastamento das zonas mais "in" e a sua proximidade com os subúrbios cujas vias de acesso o atravessam.
Como nota pessoal eu tive aulas de férias com a minha professora da escola primária (ou com o marido?) suponho que Dona Adelina que vivia na primeira transversal para a Av. Paiva Couceiro, a antiga Rua Vieira de Rocha. Podia ser na casa da marca "roxa" da FOTO 7 numa garagem recuada mas essa imagem não "me cheira" lá muito.
Num artigo posterior continuarei a falar da zona.

Comentários