Na sequência do artigo e antecedendo uma visão mais completa do prédio vamos ver alguma da actividade comercial que existiu nas suas inúmeras lojas.
Começamos pela Sapataria Hélio que existe desde os anos 60 e era do mesmo grupo familiar da Elite que ficava acima da Escola Industrial.
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| Sapataria Hélio vista de perfil (original de Nuno do Rosário) |
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| Sapataria Hélio vista de frente do lado direito na actual Av. Samora, antiga D. Luís |
Confirma-se assim estar a sapataria na secção norte do prédio Pott e virada para nascente. Essa secção demarca-se bem das outras por ter mais um piso e acima dele ter duas grandes torres gémeas colocadas nas extremidades, que ainda se notam bem apesar de parcialmente derrocadas..
No rés do chão do prédio Pott ao centro da secção norte, quer dizer do lado esquerdo da Hélio para quem olha para o prédio, havia uma entrada para uma galeria interior onde havia diversas lojas. Essa entrada está agora tapada pela parede que se vê por trás da árvore maior ao centro da foto.
Na imagem seguinte (reproduzida do site delagoabayworld) podemos ver a traseira dessa secção norte do prédio Pott, acessível pela entrada e galeria acima mencionados (ver na última imagem o que penso ser essa área).
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| Vermelho: parte superior da traseira do prédio Pott onde está (esteve) a Sapataria Hélio. |
Os irmãos Lazarus estiveram profissionalmente activos em Moçambique de 1899 a 1908 e fizeram muitas das fotos antigas agora existentes. Sem eles muito do que aqui temos tratado não teria sido possível. Sabiamos que tiveram um primeiro estúdio em Lourenço Marques na Rua Araújo e um segundo no Prédio Pott na Avenida Aguiar (depois D. Luis, agora Machel).
Combinando a foto de cima dos anos 50 com a de baixo (vista da Baixa para nordeste) que penso ser deles próprios e de cerca de 1907 (é depois de 1904 e de antes de 1910) podemos agora ver exactamente onde foi esse estúdio:
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| Vermelho (com ampliação): no telhado das traseiras da secção norte do Prédio Pott estava escrito LAZARUS Laranja: as torres gémeas dessa secção norte vistas de trás Amarelo: Rua Consiglieri Pedroso, com linha aérea de eléctrico Azul: Igreja Paroquial Verde: Consulado britânico |
Pode-se perguntar qual o interesse dos Lazarus terem feito essa pintura no telhado duma traseira, pois ao nível do solo e onde estava colocada não devia ser muito visível e o único prédio donde podia ser vista razoávelmente era o Hotel Carlton donde foi tirada esta foto. Por isso, muito trabalho para pouca audiência potencial, mas eles tinham apurado sentido comercial e lá saberiam ...
Como é evidente entre os Lazarus e a Hélio a única relação foi terem ocupado o mesmo prédio mas em épocas muito diferentes. Os Lazarus foram para lá em 1906 e ocuparam a "loja da Hélio" no rés do chão onde vendiam material fotográfico ao público e e mais um grande espaço no terceiro piso onde tinham o estúdio, laboratório, etc conforme se pode ler nos artigos do joral LM Guardian reproduzidos por no livro de Paulo Azevedo Photographos Pioneiros de Moçambique.
Uns seis anos após a partida dos Lazarus o seu antigo espaço foi ocupado pela casa de fotografia de A. W. Bayly conforme se pode ver num artigo de Grand Monde de 2007. Neste artigo mostramos também que nessa loja esteve instalada a forma Zuid, talvez no intervalo entre os dois ocupantes do negócio da fotografia.
Pode então ver-se o que resta da galeria coberta ao centro da secção norte do prédio Pott em foto original de Nuno do Rosário para o HoM:
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| à direita: parede interna do lado da galeria da loja dos Lazarus / Zuid / Bayly / Hélio e dos compartimentos de pisos superiores (presumo que do terceiro tenha desabado) ao fundo: presumo que entrada para escadaria para os pisos superiores |
Foi então em volta deste pátio que os Lazarus tiveram a sua loja e do resto das suas instalações no segundo andar falaremos mais neste artigo.
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