Central geradora do porto de Lourenço Marques, actual Maputo

Um porto para funcionar precisa de muita potência eléctrica, para iluminação, frigoríficos, guindastes e outra maquinaria. O que veremos aqui é a central eléctrica privativa do porto já existente em 1922, mas não sei em que altura foi construída. Uma central anterior deve ter sido esta mas segundo a investigadora universitária Idalina Baptista (página da Universidade) desde 1906 e até 1926 parte da energia eléctrica para o porto e caminhos de ferro era fornecida pela central da DBDC na Av. 24 de Julho.
Começamos com três fotos de Santos Rufino em 1929 da central geradora do porto de Lourenço Marques, actual Maputo. Era um edifício de 42 m de comprimento, 30 de largura e 12 de altura e formado por dois compartimentos separados.
Nascente (leste) à direita - poente (oeste) à esquerda
Um dos compatimentos da central.
O Eng. Pinto Teixeira dá detalhes do funcionamento destas instalações em 1936. A potência total era de 1200 KW e a tensão de 550 V corrente contínua (DC). Havia em compartimentos separados quatro caldeiras "Babcock Wilcox" com alimentação automática de combustível e quatro máquinas a vapor "Belliss and Morcom" verticais, cada uma ligada a um dínamo de corrente contínua e que carregavam uma bateria. Note-se que estas duas marcas era precisamente as mesmas que a DBDC tinha usado para a sua central dos carros eléctricos na Av. 24 de Julho instalada em 1903 e que como se disse em cima abastecia também o Porto e os Caminhos de Ferro.
Na foto de cima viam-se duas caldeiras e respectivas máquinas a vapor e dínamos separados num e noutro lado desse compartimento. Ao fundo por ter a porta aberta era o topo poente (oeste) pois como podemos ver na primeira foto e na seguinte os topos nascentes não tinham portas, só janelas altas. Nesse relatório dizia-se que o cais e a gare marítima eram iluminados permitindo o trabalho durante a noite. 
Topo nascente = leste da central à esquerda, 
situada entre o cais e a Estação dos Caminhos de Ferro
Agora uma foto bastante antiga em que se via:
Laranja: A central com as chaminés altas
Amarelo: par de carvoeiras Provay
Agora foto com um só compartimento a funcionar mas causando poluição sobre a Baixa com a brisa soprando do estuário:
Em 1949 - foto delagoabayworld
E duas fotos provávelmente, no final dos anos 50 ou início dos 60
Cerimónia militar na Praça com a central ao fundo
Central geradora ainda com chaminés.
Na foto de cima a central é vista do lado poente e confirma-se que topos dos dois compartimentos tinham portas deste lado. Pode-se observar à direita uma parte do Cais Gorjão a partir da Doca da Capitania que fica à esquerda.
Actualmente:

Foto Nuno do Rosário
Armazéns dos CFM
Dois edifícios históricos que estão relativamente como no original (vejo mudança nas janelas mais altas) e relativamente bem conservados apesar duns vidros aparentemente partidos. Como tenho visto que os Caminhos de Ferro (embora agora não saiba o que é responsabilidade destes ou do PPP do Porto) tentam preservar o património como neste caso, fiquei surpreendido como o que se passava (passou) com o guindaste histórico.

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