Gasómetro na Praça 7 de Marco, Lourenço Marques, anos de 1889/91

Na mensagem tinhamos mostrado fotos do nascimento da Praça 7 de Março, actual 25 de Junho em 1889/91 em que aparecia um gasómetro. Vamos agora mostrar como funcionava e para que servia essa instalação.
Vista do gasómetro do lado poente=oeste
Vista do gasómetro do estuário para o interior
(de sul para norte). Na berma sul da Praça 7 de Março.
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Seta azul: Gasómetro a sul da praça
vista do interior para o estuário (de norte para sul)

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Vemos nestas três fotos da antiga Lourenço Marques, actual Maputo de 1889/91 uma instalação com um edifício onde se devia produzir gás com duas chaminés altas, e ao lado um cilindro que podemos ver tem 2 partes diferentes. Vamos ver neste esquema como funciona o sistema assim montado e para que servia.


Em baixo tudo muito bem explicadinho, 
"sapiência" HoM obtida de http://it.wikipedia.org/wiki/Gasometro
 mas com muitas adaptações
Em L.M. o tanque de água que compõe o cilindro parece não estar enterrado como neste esquema mas o princípio é o mesmo. Em baixo há um tanque de água que é fixo. Em cima está o reservatório de gás, fechado no topo e aberto em baixo e que é móvel. O gás não se escapa pois está fechado pelo reservatório por cima e pela água por baixo.
Há dois tubos que se abrem dentro do reservatório de gás - um leva o gás da produção para o reservatório (entrada) e outro trás o gás do reservatório para a distribuição (saída). Cada tubo terá uma válvula.
O reservatório desce ou sobe dentro do tanque de água conforme a quantidade de gás que há no seu interior. Quando há pouco gás o reservatório desce devido ao seu peso até que a pressão desse gás aumente e faça parar a descida do reservatório. Quando há muito gás o reservatório sobe e aumentando o volume baixa a pressão desse gás. Este ajustamento automático do volume do reservatório mantém constante a pressão do gás no interior. Isto permite por exemplo parar a produção de gás durante certos períodos ou suportar periodos em que haja muito consumo final, sem que a pressão do gás à saída varie muito. 
O reservatório tem então o seu movimento útil na vertical. Para que não rode (por exemplo por causa do vento) e encrave, tem de haver um sistema de controlo anti-rotação que neste caso de L.M. olhando bem parece usar pesos, roldanas e certamente calhas verticais.

Alfredo Pereira de Lima na História do Caminho de Ferro - Volume III que publicou cerca de 1972 dá alguns elementos específicos sobre este gasómetro que extraía o gás a partir de petróleo. O seu objectivo era o de alimentar bóias luminosas que se iriam colocar no porto, podendo servir também para a alimentação da iluminação do vapor rebocador de bóias e de edifícios públicos. O gás produzido devia ser encanado até à testa de uma ponte-cais onde atracaria o vapor-rebocador que carregaria os reservatórios de gás até à bóias luminosas. A construção do gasómetro começou em Agosto de 1888 e concluiu-se em 1889. No entanto a construção dessa ponte-cais não avançou em prazo útil e o gás só foi aproveitado para a iluminação da Praça 7 de Março e as bóias que tinham sido adquiridas para serem luminosas foram utilizadas como bóias normais.

O mesmo Alfredo Pereira de Lima no livro "Pedras que já não falam" de 1972 dá mais informações sobre esta instalação. Diz que em 1887 o governo decidiu devido ao aumento da navegação para o porto fazer uma balizagem mais completa com bóias iluminada tipo Pintch. Depois repete a informação de cima sobre o edifício, a ponte-cais (adicionando que seria metálica com tabuleiro de madeira, 149 m de extensão e 25 m de avenida e profundidade de 2.4 m) e o vapor-rebocador que foi chamado Mac Mahon e comprado Thames Iron Works & Ship Building Company. Conforme dizemos neste artigo em 1888 foram compradas seis bóias luminosas com reservatórios para gás à "Societé Internationale d'Eclairage par le gaz de l'huile" e neste artigo fala-se desse tipo de gás, dessa firma e dos seus equipamentos e do term Pintch mencionado em cima. Mas o gás só teve a utilização mencionada em cima e o edifício do gasómetro foi usado como arrecadação de material de incêndios. O Mac Mahon foi usado para outros serviços na costa. 
Memória de Ivens Ferraz de 1903
"Em 1887 foi proposto, pelo official da armada sr. Custodio Borja, como systema provisório de balisagem e allumiamento da bahia, a construcção d'um pharol de 4.* ordem sobre o «Fawn shoal» e a coílocação de duas bóias Pintch no baixo Hope; mas apesar da approvação do governo, não foi o pharol construído e as bóias foram empregadas como bóias ordinárias por não convir o systema ás condições do mar da bahia. O vapor tMac-Mahon», apropriado para carregar as bóias com gaz extrahido do petróleo, passou a canhoneira de fiscalisação, c o gazometro, cuja montagem se concluiu em 1889, na praça 7 de março, serviu durante algum tempo na illuminação da praça e edifícios públicos, indo acabar em tanque para agua na abegoaria municipal da camara municipal de Lourenço Marques"

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